Segue-me

A Namíbia sempre foi o objetivo principal, pelo que a ideia é atravessar o Botswana no menor espaço temporal possível. Isso exige madrugar, acertar no caminho (um erro pode significar horas de atraso) e fazer um esforço suplementar para aguentar um dia sentado ao volante, ou a navegador.
Realmente, o Botswana cumpre a fama de país bem organizado e com um bom nível de desenvolvimento. A capital Gaborone não tem mais de meia dúzia de prédios, mas está urbanisticamente muito bem arranjada. Tudo alcatroado e não há lixo nas ruas. Um exemplo que nós em Portugal, num dito país civilizado, bem poderíamos seguir.
Já a caminho de Windhoek, muito admirado pelo facto das estradas estarem impecavelmente conservadas, com as marcas laterais e centrais bem visíveis e refletores no solo em toda a sua extensão durante centenas de quilómetros, para guiar quem conduz à noite. Placas a avisar curvas após longas retas. Surpreendente…
Pena as sucessivas mudanças de limite máximo de velocidade. Entre 120 e 80 não há motivo aparente para mudança, mas foi mesmo isso que nos traiu. Íamos a 122 em local de 80. Apanhados no radar e 940 pulas de multa. O equivalente a 100 euros. Protestámos. Lamentámos. Prometemos um comportamento irrepreensível daqui para a frente. Inicialmente irredutível, o polícia acaba por baixar a pena para 500, mas, com um choradinho, ainda conseguimos reduzi-la para 300. E com direito a recibo!
Lá prosseguimos a longa viagem que se torna eterna por ser monótona. Savana, savana e mais savana. Inicialmente bela, progressivamente enfadonha.
Com um território mais amplo do que Portugal, o Botswana não tem mais de 1.5 milhões de habitantes e isso nota-se claramente quando se viaja. Não há modos de encontrar gente. Aldeias só de muitos em muitos quilómetros e sem locais públicos para comer ou reabastecer a viatura. Sobravam burros (asnos, mesmo) e cabras à solta, seja nas bermas ou mesmo no meio da estrada. Também apanhámos três avestruzes. E, já perto da fronteira, uma nesga evita que matemos uma vaca (ou ela a nós), que, a meio da noite cerrada, está relaxadamente parada no meio da via. Ainda lhe vejo a pupila dos olhos… Sei o pânico vivido. Não sei o que pensou ela. Provavelmente não percebeu que foi por um triz que no dia seguinte não era hambúrguer no Wimpi, uma cadeia de fast-food que se revela uma útil praga em África.
Ainda metemos gasolina no mais estranho posto de abastecimento até hoje visto (no meio de absolutamente nada e sem luz) e encontrámos um galo de Barcelos num restaurante, bem como a sua lenda. Sim, é esse mesmo: o mundialmente famoso Nandos.
Sair do Botswana e entrar na Namíbia à noite é admiravelmente fácil. Será hora de novela? É isso mesmo. Brasileira, traduzida em inglês. Todos os polícias, homens e mulheres, vidrados no ecrã. Perdemos excelente oportunidade para traficar produtos proibidos.
Perto da meia-noite, estamos a chegar a Windhoek, capital da Namíbia. Finalmente, uma cama!

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