Ventozelo é o melhor sinónimo de ‘Douro’. Aqui encontramos tudo o que nos apaixona por esta região.
Ainda não sei que árvores são as que nos dão sombra – folha parecida às oliveiras, mas de maior porte -, porém não me distraio quando o paraíso está cá em baixo.
Espera-nos um farto piquenique, os melhores vinhos de Ventozelo e um colchão com almofadas que nos permitem usufruir da sombra e do rio Douro, sossegado a desfilar ante o nosso relaxado olhar.
Dedico-me a diversos tipos de queijo e frutos secos, presunto e vários enchidos, bola de carne assada, patés, compotas, um misto de comidas quentes, uvas e morangos… tudo regado com tintos, brancos e rosés. Sem esquecer o inevitável vinho do Porto. Tudo ao gosto de cada um.
O cenário é perfeito, a temperatura a ideal, a companhia, em forma de quinteto, não podia ser mais agradável e o palato tem via livre para os seus devaneios mais exigentes.
Estes piqueniques são apenas uma das muitas atividades que se podem fazer na Quinta de Ventozelo, que muito justamente tem como slogan “O Douro numa quinta”.
Entre as experiências ligadas à natureza destacam-se percursos pedestres dentro de Ventozelo, atividades ligadas ao vinho e à vinha, uma diversidade invulgar de paisagens, gastronomia com história e os inconfundíveis sabores do Douro.
E há ainda um muito interessante centro interpretativo que nos conta tudo sobre este projeto sustentado no melhor da região. A ideia é “utilizar os sentidos de forma ativa”, ou seja, entender o vasto panorama que nos rodeia para lá de uma realidade meramente visual.
Aqui encontro o mais entusiasmante Património – material e imaterial – desta região que a UNESCO celebra e que posso usufruir durante dias, que neste lugar passam ao ritmo que lhes queiramos dar…
A VINDIMA
Com cerca de um terço da produção do vinho do Douro, as vindimas ganham, naturalmente, preponderância na vida de Ventozelo, que diariamente tem dezenas de homens e mulheres da região – e agora, com o fenómeno da imigração, também trabalhadores do Brasil, Espanha e diversas regiões de África – a cortar os cachos nos milhares de socalcos que desenham a paisagem.
Em equipas diferenciadas – na idade, na origem, na experiência de vida – os socalcos vão sendo despidos durante dias a fio, nos quais não faltam melodias em forma de músicas de outros tempos.
“Trabalhar sem alegria é que não pode ser”, diz-me o senhor António, que vai desfiando cantigas – várias com letras ‘marotas’ – com a cadência de quem não vê melhor propósito para dedicar os seus dias.
Uma ou outra música tradicional portuguesa tem outras gargantas a acompanhar, mas se a sua voz estiver só este homem rijo na casa dos 50 anos não se acanha, faz a festa sozinho.
As equipas movem-se como uma nuvem e vão deixando as uvas nos baldes, que seguidamente são despejados em cestas maiores. Minutos depois, há um trator com dois trabalhadores nas traseiras a recolher esse material, que armazena no seu dorso até o entregar a carrinhas de caixa aberta. Estas farão alguns quilómetros de Ventozelo até à sua adega Gran Cruz, em Alijó, a quase 30 quilómetros.
Aqui, podemos testemunhar tecnologia de ponta a tratar das uvas, algumas das quais acabam, posteriormente, a envelhecer nas caves de Vila Nova de Gaia.
DORMIR COM ‘GLAMOUR’, SABOREAR O GENUÍNO
Ventozelo tem um total de 29 quartos, cuidadosamente decorados – todos têm uma história para contar – e espalhados por vários edifícios da quinta. Ocupamos a envolvente Casa Grande, com uma bela piscina ‘infinita’ com vista próxima e privilegiada para os ziguezagues do Douro.
O restaurante é uma experiência que devemos privilegiar, com produtos da região, sempre frescos, e com combinações que surpreendem as nossas convicções gastronómicas.
Muitos ingredientes são oriundos da própria quinta e tudo o que aqui provamos converge num saboroso tributo à cozinha regional do Douro e Trás-os-Montes, privilegiando sempre o mais autêntico e genuíno.
“O que me proponho a fazer na Cantina de Ventozelo é muito daquilo que é a minha essência: beber na tradição e na riqueza gastronómica de Portugal para fazer algo de bom e bonito, contando uma história. Porque quem vai passar uns dias numa quinta tão rica como Ventozelo deve levar consigo um pouco da história gastronómica do Douro”, refere o chef Miguel Castro e Silva.
A gastronomia local ganha vida e receitas tradicionais são recuperadas. O menu muda de acordo com o que a natureza tem para oferecer… O que não altera? O azeite desta terra, o pão que chega à mesa ainda a fumegar, a doçura apurada dos frutos…
Todos estes sabores, que podem ser testados em workshops de gastronomia, são abraçados pela frescura dos brancos ou envoltos na delicadeza dos tintos: não esquecer o caráter generoso dos vinhos do Porto, nem o surpreendente Gin com a chancela de Ventozelo.
VENTOZELO SÃO SENSAÇÕES ÚNICAS E MEMORÁVEIS
Em 400 hectares que apelam à contemplação podemos encontrar inúmeros encantos e muitos detalhes que tornam este conceito muito especial, singular.
Neste palco natural, fértil de biodiversidade – à espera que a descubramos – ouvimos o silêncio, um bem sublime, sobretudo enquanto contemplamos as estrelas… ou observamos as aves que nos acompanham no céu.
Ventozelo oferece-nos a alma de quem faz crescer este projeto e que, a todos os momentos, nos faz sentir em casa. Até nos sabores…
Se o apetite não se esgotar à mesa, há vários circuitos no interior da quinta que nos permitem descobrir distintos spots naturais: caminho da Vinha, caminho do Moinho de Vento, caminho do Sobreiro, trilho do Javali, caminho do Rio e caminho da Ervedosa levam-nos a todos os pontos cardeais de um Douro que está representado em pleno em Ventozelo.