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Segundo as estimativas mais credíveis, os aborígenes chegaram à Austrália há uns 60.000 anos. Muito antes do Homem moderno na Europa ou Américas. Não têm parentesco racial ou linguístico.
Sobram as teorias sobre a sua origem, mas faltam provas irrefutáveis. Todas as hipóteses defendem que chegaram por mar… mas será que dominavam as técnicas de navegação, conhecimentos náuticos que só 30.000 anos depois outros povos tiveram? E se assim fosse, porque se esqueceriam depois do mar? Os entendidos continuam a discutir a matéria…
A verdade é que foram donos e senhores da Austrália durante 97,7% do tempo em que esta foi ocupada. O Homem branco europeu apenas a domina há 0,3% desse período, o suficiente para praticamente destruir a citada cultura preservada mais antiga do mundo, deste povo.
O navegador James Cook, que aqui chegou em 1770, escreveu no diário do Endeavour: “Para algumas pessoas pode parecer o povo mais miserável da terra, mas na realidade são muito mais felizes do que nós, europeus. Vivem uma tranquilidade que não é perturbada pela desigualdade da condição: a terra e o mar, por iniciativa própria, fornecem-lhes tudo o que é necessário para viver. Parecem não atribuir valor a nada do que lhes damos e nunca renunciam a nada do que têm”.
Num outro ponto, acrescenta: “Tudo o que parecerem querer de nós é que nos vamos embora”.
Em pleno século XX, eram ainda vistos como sub-humanos. Na verdade, nos anos 60, eram definidos nos manuais escolares como “criaturas bravias da selva”. Em 1967 não entraram nos sensos, pois não eram reconhecidos como habitantes.
Quando James Cook chegou à Austrália, estima-se que fossem entre 300 mil a um milhão. Sem resistências a doenças trazidas pelos colonos, não seriam mais de 60 mil em 1800, apenas 30 anos depois.
Desde início, foram tratados de forma cruel e desumana: retalhados para comida para os cães, abatidos, até para caça. Matar aborígenes não era crime. Até lhes ofereciam comida envenenada…
Em 1838 o jornalista Edward Smith Hall denunciou essas práticas e o governador George Gipss levou um grupo de prevaricadores a tribunal. Foram absolvidos em 15 minutos. Entretanto a campanha continuou nos Media e houve novo julgamento. Sete brancos foram enforcados em Myall Creek.
Ainda assim, a matança de aborígenes não acabou. Tornou-se apenas mais clandestina. Em determinada altura, a morte de um caçador branco de dingos (cães selvagens) levou a que a enraivecida população chacinasse, sem qualquer sentido, uma pacífica comunidade aborígene de uns 100 elementos, maioritariamente constituída por mulheres e crianças..

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