Semuc Champey: Turquesa celestial em alta montanha

Semuc Champey: Turquesa celestial em alta montanha

Tinham-nos garantido que às 06:00 o transporte era directo até Semuc Champey. Madrugamos. Novamente. As indicações quanto ao local para apanhar o autocarro não eram precisas. E não havia a quem perguntar na rua. Os donos de um colectivo garantem-nos que ninguém faz o serviço directo. Que eles são os melhores. Até Lanquin. São 06:00. Tudo deserto. Não temos alternativa…
Cedo percebemos que vamos parar em todo o lugar onde houvesse cliente. À pinha, com gente contorcida em pé, avançamos lentamente para Lanquin. Os últimos 11 quilómetros sem asfalto, acidentados e sinuosos. Iam ser duros. Penosos. E foram.
Pareceu um tiro. Mas foi apenas um pneu que rebentou. Uma eternidade para o mudar. Prontos para partir. Nem um quilómetro percorrido, novo estrondo. Paramos. Mais uma roda para substituir. Decidimos seguir a pé e ser apanhados mais à frente.
Minutos depois, o ruído de uma pic up. Levantamos o braço. Chegamos a Lanquin com o vento a moldar-nos o rosto. Brilho nos olhos. Sorrisos mudos. Fantásticas paisagens desfilavam perante a nossa admiração.
Festa à nossa espera. Sem o sabermos, chegamos no mais importante dia do ano. As festas de San Lanquin. Hoje é dia de festival etnográfico. Danças milenares com trajes de tempos remotos. Surpresa, apenas por não vermos mais viajantes. Por não vermos turistas. Já deveriam ter subido para Semuc Champey.
Uma hora depois, partimos para o Parque Nacional famoso pelas suas piscinas naturais do mais turquesa dos azuis. Começámos por exigente e íngreme subida. Primeiro queríamos ver a fotografia do cenário. Dirigimo-nos ao miradouro.
O Rio Cahabón mergulha nas rochas, em fúria desaparece da nossa vista, e à tona fica o paraíso. De vários tons turquesa.
Com olhos rasgados de sorrisos, vamos de piscina em piscina. Sentados,  deixamos os peixinhos beijar-nos os pés. Alimentar-se da pele cansada. Purificam-nos. relaxam-nos.
Boiamos. Apenas o som difuso de pássaros. Igualmente submersa em prazer, a audição capta ainda o som da cristalina agua a chegar, a partir em cascatas de algodão.
O sol esgueira-se entre a folhagem. Flashes de luz que não chegam a ‘cegar’. Apenas a acariciar-nos o rosto.
Tudo é fresco. Vivo. Sereno e poderoso. Um local de eleição.
Cada minuto de sono perdido, todas as horas de ‘sofrimento’ em transportes apinhados, a privação do conforto do estaticismo foram devidamente recompensados por uma tarde que também marcará esta estimulante jornada pela América Central.
No regresso a Lanquin, ficamos a perceber que tínhamos falhado o último transporte. Sílvia, uma cativante viúva de 45 anos, perdida neste ermo, aprecia a nossa simpatia e gentileza desinteressada. Minutos mais tarde, quando todos percebemos que estávamos em sarilhos, povidencia uma solução. Liga a este e aquele. Parece que há um grupo ainda a visitar as grutas das redondezas. Chama um tuc tuc. Chegamos a tempo. Prontos para mais uma viagem que, desta vez, as memórias frescas não deixariam que fosse tão penosa.  .

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