Tem ar de proxeneta. Foi mulherengo. Fuma como ninguém. Sempre atolado em álcool. Já não sabe o que fazer às Playboy a seus pés. Geralmente, está armado. Sem dúvida, um Santo! Trata-se de San Simon — ou Maximon — e é um mito na Guatemala.
O ar não engana. Fato preto. Óculos escuros. Bigode. Chapéu de “cowboy”. Armado. Garrafa sempre colada à mão. Um manequim singular, rodeado por estranhas decorações coloridas. Segura uma caixa com dinheiro. As “esmolas” que alimentam os seus vícios. Exibe ampla áurea de respeito. Dos guatemaltecos. Já os turistas, surpreendem-se com a devoção a este secular boémio…
San Simon é o santo da Guatemala. Pode ser encontrado em vários lugares — até em bares — e não há acordo sobre a sua origem. A única certeza é que o seu santuário muda de casa. Anualmente. Não faltam famílias a disputar essa honra.
A pacata Zunil é a localidade mais associada a San Simon. Diz-se que foi um clérigo espanhol que por lá viveu há perto de 300 anos. “Era um padre mulherengo. Um bêbado e fumador. Mas era amado pela comunidade, pois ajudava-a. E deixava os pobres dormir na igreja quando precisavam”, conta D. Juan, que já foi anfitrião da representação deste secular “bon vivant”.
A verdade é que a igreja católica o excomungou. “Por mau comportamento”, acrescenta o sexagenário. “San Simon criou então a sua própria igreja na cidade. E tornou-se mais popular do que a católica”.
A igreja católica arrasou a sua. E deixou muitos desabrigados. “Diz-se que depois viajou por toda a Guatemala. Mantinha os vícios, mas fazia o bem a todos os que encontrava. Esta sua errância estará na origem da mudança anual do seu santuário pelas várias famílias”.
A outra versão do mito diz que San Simon é… Maximom. Um xamã Maia. E terá vivido há 500 anos, antes da chegada dos espanhóis, que nunca reconheceram “San Simon” como santo. “Maximom bebeu muito porque trabalhava imenso para ajudar as pessoas. Bebia Cusha”, refere señor José, numa outra aldeia perto de Chichicastenango.
Cusha é um néctar alcoólico feito de milho. Ainda hoje é bebido nos meios rurais por quem quer pedir a amada em casamento. Consta que quanto mais beber, maiores são as probabilidades do candidato receber um “sim” do futuro sogro.
Espanhol ou Maia, a verdade é que este santo parece continuar mais popular do que a própria igreja católica em Zunil. “Basta avaliar pelo número de velas e flores em seu redor”..
Share on facebook
Facebook
Share on twitter
Twitter
Share on linkedin
LinkedIn
Share on pinterest
Pinterest