Crocodilo, camelo, canguru. Não há comida – até a exótica – que não possa ser encontrada no St. Laurence Market. Com uma diferença para todos os outros mercados: diversidade, qualidade e apresentação única.
Não é à toa que a National Geographic o elegeu como o melhor mercado do Mundo. Em cada banca, um incontrolável desejo. Uma luxúria para o pleno dos sentidos. Produtos do mar, carnes, queijos, legumes… tudo exposto como uma tela. Sinto-me em rebuscada galeria de arte. Apetece ficar. Simplesmente, a olhar. Até me saciar, vorazmente, com tudo.
Gourmet a preços inacessíveis? Nada disso! Em Toronto, visita mais do que obrigatória. No início da viagem o azar de encontrar o mercado fechado (domingos e segundas-feiras). Agora, a recompensa por quem tanto esperou.
As derradeiras horas no Canadá são de deambulações serenas. Marcos e Carla ainda não tinham usufruído da cidade e sirvo de cicerone. O mais adequado, face às circunstâncias, que conseguem arranjar.
Percorremos as centrais Yonge e Bay, cruzamo-las com a Dundas e a College. Exploramos o maior projeto comercial do Canadá. E apenas afloramos a cidade subterrânea, os tais 27 quilómetros de invulgar vida sob o solo.
E surpreso com Ai Weiwei. O chinês que usa a arte para contestar o seu governo e sistema político. E que nos faz, como poucos, questionar as certezas que temos sobre o Mundo. Temos?
O trabalho está exposto na galeria de arte de Ontário, mas tem obra mesmo ali, no coração de Toronto. Ao lado do agora turístico edifício antigo da câmara municipal.
Um grande e diversificado grupo multiétnico faz jogging em plena hora de ponta. Há os novos, os nem por isso e alguns mais experientes. De ambos os sexos. Distraem-nos. Até percebermos de que está na hora de reencontrar Carla.
Prontos para a última ceia. Combinamos ir ter com ela. Imprudentes, não percebemos a distância a que estávamos. Não mudamos de rua, mas caminharíamos quase uma hora. Depois de tudo o que já tínhamos andado.
Faço as apresentações e recebo o seu habitual sorriso do tamanho do mundo. E a carinhosa festa dos saudosos Eirich e Julie. “Cada dia destes últimas duas semanas, ela perguntava-me quanto faltava para te revermos. O que lhe fizeste para a marcares assim?”, questiona-me a inquisidora-sorridente progenitora. Já em terras lusas, saberia que Julie choraria após a derradeira despedida…
Vinte minutos e duas linhas de metro depois, estamos no mais faustoso e “pornográfico” buffet de que me recordo. A despedida do Canadá, será em GRANDE. Inspiro e lambuzo-me de tantas iguarias do mar que me sinto intimidado de as revelar. Melhor ficaram na imaginação. De todos. E sei que não deveria ter terminado com três idas ao gelado e improvisar com as deliciosas coberturas de oreo e frutos secos ralados…
Carla Alão Monteiro ficaria na nossa “lista negra”. Cortaria relações comigo caso não aceitasse sermos seus convidados. Se já estava em eterna dívida com ela, agora… Nem imagina o que a espera quando voltar a terras lusas…
A última manhã começa no “litle” Portugal. O menu tem caldeirada de peixe, robalo grelhado, carne à jardineira, picanha com feijão preto, favas com entrecosto, leitão à Bairrada e frango no churrasco, mas é ainda hora de pequeno almoço. Seguiremos para chinatown, nas últimas deambulações.
Após almoço, serão precisas três horas entre a baixa, universidade e aeroporto.
Um entediante overbooking atrasa o avião da Transat e enerva parte da tripulação. A restante sorri, amarelo. Não há meio-termo. Sobram trocas de lugares. Depois, os monitores não funcionam e não há forma de passar o filme de segurança. A tripulação tem de entrar em ação para o “velhinho” método.
É princípio da noite. Levantamos voo e, lá de cima, constato, pela derradeira vez, como Toronto e o Canadá são fascinantes…
Thanks, bye and good luck!! .
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