Segue-me

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Praça Santiago, Guimarães

Como a história de Portugal, esta também começa em Guimarães. É o meu berço. E é aqui que vivem os meus pais. Quim e Dores, para os amigos. Visito-os antes de partir. Em menos de três semanas será complicado rever os seus rostos, únicos na minha vida.

É hora de partir e Sandra, como sempre, está lá. Desta vez, o favor de me levar ao Porto. E partilhar a sua experiência na hora de fazer a mala. O tempo escasseia. Não dá para reconfirmar se falta algo. Campanhã espera-me. E o Alfa parte, pontual, rumo a Lisboa.

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Na capital, Marisa é a responsável pelas boas vindas. Leva-me a restaurante asiático de referência. Partilhamos histórias e sensações de viagem. Está a caminho de nova reportagem fotográfica no Douro. Com tudo de melhor que a região tem para oferecer. A revista da TAP (“UP”) agradece o seu talento e profissionalismo. E eu a sua simpatia e calor habituais. 

Marisa proporciona-me noite ideal, tranquila e com conversa estimulante. Retribuo com assertivo conselho para que cumpra o sonho de explorar a saudosa Nova Zelândia.

Não chego a estar quatro horas na cama. Ainda não são 06:00 e já abandonei o hotel. Cansado e ensonado, o dia promete ser longo e duro. Avião não é local onde costume adormecer.

Check-in feito, os habituais controlos e embarcar. Air Transat é estreia absoluta. Um dos comandantes é português e boa parte das hospedeiras de bordo também. Pela pronúncia, sem dúvida de que estão radicadas do outro lado do Atlântico.

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Imagem do filme “Babies”

Tento dormir, em vão. Sai o primeiro filme. Venha o segundo. Chega. Preciso de algo diferente. Descubro documentário delicioso: “Babies”. É por ter ADORADO – primeiro ano de vida de bebés do Japão, EUA, Mongólia e Namíbia – que o aconselho. Cá vai o trailer: http://www.youtube.com/watch?v=y521Xp4U6ac

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Imagem do filme “Babies”

Depois há também um outro documentário sobre a crescente insustentabilidade ecológica de alguns dos lugares mais emblemáticos do planeta. Um outro registo, igualmente fantástico. Porque o Nepal me diz muito, chocado com os “engarrafamentos” de caminhantes nas montanhas dos inúmeros que percorrem os recantos do país com oito dos 10 picos mais altos do Mundo. Senti-me verdadeiro privilegiado nas opções tomadas quando por lá andei com o meu amigo Vasco Rocha (exposição texto + foto + vídeo arrancou a 31 de julho no Shopping de Guimarães).

Volto a mim. Da janela já se vislumbra o solo. Aterramos com inesperada dificuldade, já que o dia está soalheiro. Longa caminhada até recolher as malas. Bem maior a espera pela minha. Sou traído por uma… maçã. Declaro-a nos papeis de admissão ao país e, com isso, vou à inspeção.

“Siga pela linha 2”, indica-me o polícia. Assim faço. Quando, 50 metros depois, julgo estar na fila errada, passo sob fita separadora. “GO BACK! GO BACK ALL THE WAY!!”, grita-me, poderosamente, a consistente polícia de origem africana.  Digo-lhe que julgo estar na fila errada. Esclarece-me que não. E condescende a deixar-me regressar, com a mesma infração.

Um cidadão de feições árabes, em modernos trajes ocidentais, rodeado de nove polícias. É interrogado sobre o que traz na mala. Garante uma e outra vez que foi determinada mulher que o fez. Que aquele “material” não é dele. Não está a ser bem-sucedido.

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Cartaz que me esperava no Aeroporto

Sou o único na fila e também não estou a ter êxito na pressa que tenho em sair. Há muito me esperam e estou incontactável. Telemóvel decidiu amuar. Não funciona. Mandam-me esperar, que já me chamam. Impaciente, volvido um minuto afasto-me 30 metros para ser inspecionado por alguém da fila 1.

“É algo rápido e simples. Apenas estou aqui para denunciar a maçã que tenho na mala. Juro que é o meu único crime”, digo, tentando despachar-me com o que poderia ser algo parecido com charme latino. Não resulta. “As forças da ordem estão sisudas hoje”, digo. Agora só para mim, claro. Inspeção feita e um agora menos rígido “pode seguir”.

A minha cabeça ergue-se em busca de um sorriso familiar. Acredito que a demora e o facto de estar incontactável pode ter motivado a desistência, por acharem que, afinal, não vim.

Subitamente, o sorriso deslumbrante de quem não vejo há mais de uma década. Uma “senhora” com quem passei excelentes momentos na faculdade. Carla recebe dos mais longos e sentidos abraços que, parcimoniosamente, ainda vou distribuindo.

Uma e outra vez mostramos o que a saudade pode fazer a um abraço. Antes que as glândulas lacrimais atinjam protagonismo inapropriado, apresenta-me o marido. Júlio é vivido chileno com uma amabilidade e gosto pela informação ímpares. Eirick e Julie são os filhotes que me vão encantar.

Sinto-me em casa.

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