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Europa… Ásia… COMIDA!!

Europa… Ásia… COMIDA!!

Desperto com indomável vontade de experimentar TUDO o que é comestível. Numa cidade onde os estímulos aos sentidos se multiplicam ao expoente da loucura, hoje o palato será rei e senhor. Com as melhores vistas e roteiro possível.
Europa e África já estavam neste périplo. Por que não adicionar-lhe Ásia? Não custa nada. Na verdade, apenas um euro. Para cruzar o Bósforo num dos múltiplos ferries que rasgam permanentemente o Mar de Marmara.
O ferry de Kabatas espera-me. Terei de apanhar o próximo. O palácio Dolmabahçe é logo ali. Um dos muitos ex-líbris da cidade. Uma feliz fusão de estilos europeus. A obra de Karabet Balyan – após 13 anos ficou pronta em 1856 – teve o desplante de substituir o magnífico e imponente Palácio Topkapi como residência oficial do sultão. Apreciar a obra por dentro custar-me-ia uma boa manhã. É um dos muitos lugares prioritários nas futuras visitas a Istambul. Sim, porque sei que voltarei. Uma e outra vez.
Chegado ao porto de Besiktas, começo por apreciar vendedores de flores, engraxadores e tento resistir aos aromáticos kepab. Que perseguição!! Logo me perco de amores pela mesquita Sultão Mihrima. Começa com o adorno exterior onde uns 20 fiéis podem, em simultâneo, lavar os pés. Sentados e bem entregues.
O mármore conjugado com vitrais que coloram a luz refletida no interior dão uma sensação de paz e bem-estar que nem os pesados candeeiros abafa. Tudo é geometria, adorno. Esmero. Cor. Sóbrios rendilhados. Sem exageros.
Saio e logo me dissipo em concorrido mercado. Não faltam as especiarias. Frutos secos. Azeitonas curadas de todas as formas e feitios. Sumos naturais. Pego num de cenoura e outro de romã. Entro num tasco no interior de mercado e, finalmente, provo as famosas Balik Emkek. Ou seja, sandes de peixe. De um delicioso e aromático peixe em filete, sem espinha, a sair da grelha.
É de estômago confortado que prossigo por jardins verticais, uma nova mesquita, esplanadas em série para o lado Europeu. Em mesa ou simplesmente deitado em almoçada na marginal que se espreguiça, indiferente ao Mundo.
A torre Maiden´s nasceu quatro séculos antes de Cristo. Melhor, a estrutura começou a ser elaborada na altura. Foi sofrendo sucessivas alterações. Já foi farol. Prisão. Ponto de defesa. Agora, restaurada, é restaurante de luxo.
Não resisto e espraio-me mesmo numa das esplanadas viradas para o Bósforo. Um chá acompanhado de fantástico sol. Fecho os olhos e deixo-me ficar. Não apetece partir…
O dia promete ser longo. Exigente. Apanho novo barco e atraco perto do bazar das especiarias. Volto a deambular pelas suas artérias e sigo para a mesquita Azul. Pelo caminho, há fila. Para uma ‘sandocha’ de carne, malagueta e especiarias. Tudo bem triturado. Acompanhada de iogurte, que ajuda a acalmar o picante. Experimento, claro. E que bem que sabe. Mas mudaria a bebida…
Um letreiro diz que há disponibilidade para os leigos serem esclarecidos sobre o Islão. Basta dirigir-nos ao centro de estudos islâmicos, dentro da própria mesquita Azul. Falo com o íman e combino voltar no dia seguinte. Vai explicar-me, pessoalmente, tudo o que desejar. O último dia em Istambul também fica reservado para o Hagia Sophia (Basílica de Santa Sofia).
Sou atraído por música clássica. É um projeto artístico, privado, ali a dois passos. Não me convence a comprar o CD, mas a acompanha-lo 30 metros até um segredo bem guardado no coração de Istambul. É um centro onde todo o tipo de artesãos explora a sua criatividade. No meio do retangular recinto, um bar. Com vista privilegiada para todo o espaço.
Atravesso o parque – sabem qual? – e deparo-me com um dos céus mais belos que posso imaginar. Em harmonia com arvoredo e envolvente melodia de aves…
Quando volto a mim, ainda me detenho na estação de comboios. Onde chega quem faz o mítico Expresso Oriente (principia em Londres). O seu bar/restaurante transborda história…
Entretenho-me novamente na ponte de Galata. Disperso-me com pescadores. E fico com apetite para novo Balik Ekmek. Há três barcos a ondular na margem, servidos por contígua esplanada, a debitar dezenas de sandes por minuto. A um ritmo frenético.
É com calma que saboreio novo pitéu. Desta vez acompanho com uma bebida cor de “tinto”: não é vinho, mas água salgada com alegados pickles. Argggghhh!! Não gosto. E mando vir uma limonada, a bebida alternativa. Tudo para tirar este miserável sabor. Distraído, olho para a mesa e penso que a minha salvação já veio. Provo. Estranho. Ácida. E não sabe a limão. Vou comendo. Tento uma segunda vez, desisto. Até que a limonada chega. Olho para as outras mesas. Afinal, estava a beber o molho para salada (além do peixe, a sandwish tem ainda alface e cebola)… Risos…
Entre os pescadores na ponte Galata, mulheres islâmicas. De véu. Desço para o tabuleiro inferior e aprecio o espetáculo de peixes a subir. Morderam o isco com uma regularidade impressionante.
Ferries e cruzeiros em grande azáfama. Ataco uma espiga de milho e castanhas. E detenho-me, pois não quero perder capacidade para um bom jantar.
É restaurante de cuidado aspeto rural que me cativa para a refeição mais esperada do dia. Comerei um grande prato de mistura de “entradas”. Hummmm…
A cozinheira está chorosa. Deita-se na montra, no chão. E com isso “garante” que mais ninguém entra no restaurante. Será todo para mim. Não entendo o motivo da dor, nem por isso deixo de expressar a minha solidariedade.
A Tarbalasi continua apinhada de gente. Come-se noite dentro. Percorro-a novamente até à torre de Galata. Tomo um chazinho neste espaço mítico e regresso. O próximo dia – o último – será ainda mais exigente. Devo precaver-me. Não dormirei sem experimentar os mexilhões com limão preparados por vendedores ambulantes. Nem um gelado tradicional, que é um espetáculo na forma como é preparado e… vendido. Apreciem…
http://www.youtube.com/watch?v=dKcKqro14D8.

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