“O seu ouro brilhante é como uma súbita esperança da alma numa noite escura”, escreveu Somerset Maugham, em 1930.
Mas vamos por partes. Haverá melhor lugar para iniciar a interminável saga do descalçar/calçar, obrigação de quando visitamos um pagode? Creio que não. O Shwedagon – ou o pagode dourado – é o templo budista mais importante da Birmânia e, por isso, certamente o mais visitado.
Diz-se que contém relíquias dos quatro budas que antecederam Kalpa, destacando-se os oito fios de cabelo de Sidarta Gautama.
Segundo os textos monásticos, o stupa principal foi construído durante a vida do Buda Gautama, no século VI antes de Cristo (seria o mais antigo pagode do Mundo), mas isso é contestado pelos arqueólogos que situam sua construção entre o século VI e X da nossa era, pelos Mons.
Dois gigantes “chinthes” (leões míticos) conferem imponência à entrada sul, aqu
ela em que me aventuro, num complexo com quatro portas e outros tantos templos grandes, em cada um dos pontos cardiais. São rodeados por várias dezenas de pagodes.
Aqui podemos encontrar 1065 sinetas de ouro e 420 de prata, um catavento ornamentado com pedras preciosas e um “seinbu”, uma pequena esfera de ouro com milhares de diamantes, incluindo uma esmeralda de impressionantes 76 quilates.
Este lugar religioso é monumento funerário dos ilustres Supayalat (última raínha da Birmânia), da mãe de Aung San Suu Kyi (prémio Nóbel da Paz e agora líder partidária) e U. Thant, antigo secretário-geral das Nações Unidas.
É com este “peso” que subimos as escadas rolantes até encontrar um complexo repleto de gente em tom mais do que descontraído. Há quem reze, mas sobram jovens e crianças em eternas brincadeiras. Também não faltam monges e os seus smartphones. Sim, também há quem aposte na inevitável “selfie”.
Somos abordados por um professor reformado. Mete conversa e pretende saber em que dia da semana nascemos. Rapidamente conclui – acertadamente – que cheguei ao Mundo a uma terça-feira. Inevitavelmente, sou um moçoilo de sorte, bla bla bla…
Este complexo ganha um novo elan à noite, altura em que o “skyline” de Yangon como que se ajoelha para lhe permitir um brilho único no horizonte. Com um lustro superior a qualquer outro edifício/monumento no país.
É visto praticamente de qualquer lugar de Yangon. No seu ponto mais elevado, 99 metros. Situado na colina de Singuttara, logo ao lado do lago Kandawgyi. Para onde seguiremos…
.
Facebook
Twitter
LinkedIn
Pinterest
