As ausências de rede de internet são frequentes em Nairobi. E o Meridien – nome faustoso, mas na prática não chega aos calcanhares do Ibis europeu – não tem autonomia a esse nível. Garantiram-nos que só no Hilton nos safaríamos.
Em meia hora, três “amarrotados” e nem-por-isso-bem-cheirosos portugueses entram, com tratamento de honras de Estado, no melhor hotel da cidade.
Internet? No “business center”, indicam-nos. Os nossos trapinhos envergonhariam muitos dos que calcorreiam as ruas de Nairobi, mas temos a “vantagem” da tonalidade da pele. Triste privilégio concedido por quem mais sofre com ele.
Quando Maggie Njange nos diz que cada meia hora nos custaria 10 euros, Batista simula um ataque cardíaco. Cara séria, pára de falar, mão no peito e cai, redondo, no sofá. Loureiro e Morais aprestam-se a dar-lhe “ar”. Pedem um copo de água.
Maggie está incrédula. Quase em pânico. Não sabe o que se passa. Até que um sorriso da alegada vítima de enfarte faz relaxar o semblante da jovem.
– “10 euros por 30 minutos é um assalto!! Nem precisamos sair à rua para ficarmos em anda. Pensávamos que o hotel era seguro…”, atira o Rui.
A encenação cai no goto de Maggie. Multiplicamo-nos em argumentos. Todos embrulhados em bom humor. Não pára de rir. Manda-nos esperar.
– “Quantos computadores precisam?”, questiona, em tom de segredo.
– “Um basta”, sussurramos.
Minutos depois, já navegávamos na internet com o código “24 horas” de algum abastado hóspede.
O primeiro de (infelizmente demasiado) escassos gestos de bondade com que fomos presenteados em África.
We believe there are still good hearted people in the world. Maggie Njange is, for sure, one of them. We wont forget what you did for us in Hilton Hotel.
(Viagem a África, 2009 – africatrio.blogspot.com).