Segue-me

Mesmo antes de entrar no jipe de Abraham, ficámos a conhecer dois dos nossos três companheiros de viagem: John e Ann. Dois belgas cinquentões que em muito contribuíram para o êxito desta “expedição”.
John é botânico. Domina todos os assuntos relacionados com fauna e flora em África. Foi quem nos abriu os “olhinhos” para muitas das coisas que aconteceram no Serengueti e Ngorongoro. E não foram assim tão poucas…
Michel, inglesa com sangue escocês, completava o grupo. Branquinha. Polvilhada de sardas. O típico. Chegada de Zanzibar, onde esteve duas semanas em serviço de voluntariado. Que pagou. Uns 800 euros para ajudar os mais desfavorecidos. Pena que em Portugal este tipo de serviço comunitário e de ajuda ao próximo não esteja tão desenvolvido. Apesar das suas falhas…
As apresentações ainda não tinham sido feitas quando o grupo já estava unido… na indignação, pela louca velocidade a que o jipe se deslocava. Podemos garantir, sem qualquer tipo de exagero, que estivemos muito próximos de circular a… 40 km/h!! Sim, leram bem, não são 400, mas 40!!
Obviamente, ninguém se calou. Sobraram questões ao Julius (o suposto guia, que não passava de mero motorista). Em 20 minutos estávamos parados numa loja de “recuerdos”. Para abreviar, basta dizer que sobravam máscaras africanas, que em Portugal se compram por 5 euros, a ser vendidas pela bagatela de 800 dólares. Nada como uma boa gargalhada para desanuviar o mau início de aventura.
Trocados os jipes e, finalmente, a rodar a velocidade aceitável, até porque a estrada está muito em asfaltada, chegámos à entrada de Ngorongoro duas horas e meia depois.
Começámos a subir e em 20 minutos pudemos avistar a imensidão da cratera do antigo vulcão, agora transformada numa imensa planície.
Aqui pode ser saboreada uma boa “caldeirada” de animais… Gnus, zebras, warthogs, elefantes, leões, hipopótamos, girafas… inúmeras aves que o John nos ia explicando… e uma paisagem de cortar a respiração. Como poucas no planeta…
Momentos deslumbrantes e um par de horas de sonho, sempre dentro da cratera, que parece ter sido desenhada por mãos divinas.
Saciada parte da nossa curiosidade, horas de abandonar a cratera e regressar à entrada do parque para seguir viagem no jipe original, onde estavam as nossas mochilas e mantimentos para os três dias.
O que ia ser uma mera troca de viaturas, transformou-se numa impercetível seca de mais de duas horas. 20 minutos, na garantia prévia de Julius.
Cumprido esse suplício, lá fomos para o parque de campismo que fica numa das bordas da cratera. Vários grupos de turistas já jantavam e nós, famintos e cansados, estávamos mais do que recetivos para fazer o mesmo.
– “25 a 30 minutos, no máximo”, garantiu Gregory. 45 minutos depois, o Rui, aniversariante nesse dia, voltou à imunda cozinha comunitária para reformulação dos planos do jantar.- “20 a 25 minutos. Não mais”, voltou a asseverar o expedito cozinheiro do grupo.
Duas horas e meia depois estávamos, finalmente, a jantar. Sem ninguém para confraternizar, pois toda a gente já dormia para madrugar. É que o nascer do sol nestas paragens agrestes costuma ser deslumbrante….

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