Dou sinal de paragem ao meu companheiro de charrua. A conversa está boa, porém, a este ritmo, não chegaremos tão cedo ao mercado de Bagan. O problema não é do ritmo do cavalo, mas do trânsito, verdadeiramente caótico. Mais avisado seguir a pé.
A estrada está em obras. Está explicado. Vamos comendo pó e calor até que, no meio do turvo cinzento, há uma longa saia, em tons verdes e laranjas que sobressai. Sim, é isso mesmo. É a minha “amiga” Miss Mundo. O mais belo rosto da Birmânia.
Quero registar o seu rosto. Obviamente, não fala inglês. Ainda assim, tento. É mais tímida do que eu já fui. Ainda sorri para mim… até eu pegar na máquina fotográfica. Má ideia. Ri – as amigas trocam comentários em bem-disposto birmanês – e foge. Insisto, porém já é complicado rever-lhe os dentes. Efémeros momentos de gato e rato. Até que desisto. O bom-senso aconselha a ficar por aqui.
Acabarei por me afastar, avisando-a das minhas intenções pacíficas. Quando sente que o ‘perigo’ passa, fixa-me e volta a sorrir. Com olhar malandro. O meu cérebro regista. A sua imagem ficou bem gravada. O que faz uma beleza exótica destas aqui?
Não, não é um conto romântico. Não sou dado a paixões súbitas. Ainda assim, esta ‘cena’ poderá, quiçá, servir de mote a um épico romance. Como aquele em que um bem-sucedido advogado nova-iorquino desaparece, sem deixar pistas. Até que um dia, uma das duas filhas descobre, nos seus pertences, uma carta de amor. Tem anos e é de uma birmanesa. Das montanhas, em Kalaw. O nosso próximo destino….
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