Não é a heroína do evento, mas é por quem todos suspiram. E se preocupam. Uma grande máquina mais do que exemplarmente oleada para que a prima-dona – e ‘primeira dama’ – do Azerbaijão tenha tudo o que o regime do seu ditador marido deseja.
Mais uma operação de charme pelos I Jogos Europeus e, neste caso, com motivo bem português: Jorge Cristóvão. Serenem, não se trata de qualquer fissura num matrimónio de visível desigual beleza, embora de sólidos interesses económicos e sociais. Já lá vamos…
O militar na reserva pedalou parcos 7.000 quilómetros. Aos 53 anos, cruzou, de uma só vez, Portugal, Espanha, França, Itália, Grécia, Turquia, Geórgia e Azerbaijão em roteiro que principiou na Torre de Belém e terminou na baixa de Baku, nas margens do Mar Cáspio.
“Gostava de transmitir aos nossos atletas que o esforço, dedicação, empenho e coragem compensam sempre. Há que se dedicar. E ter orgulho de ser português a representar o país. O orgulho e maneira de estar a representar Portugal transcende tudo e dá-nos ânimo para conseguirmos ultrapassar todas as barreiras”, vincou o simpático senhor Cristóvão, após cumprir épica missão.
Antes destas solenes palavras, tudo deve estar pronto e preparado. Ao pormenor. Não por ele. É mesmo por ELA: Mehriban Aliyeva. A esposa do ditador – ela é o ‘brilho’, ele nem o nome merece ser memorizado – é de singular beleza. Oriunda de poderosíssima e abastada família do Azerbaijão, o seu casamento com o então filho do presidente e fundador do Azerbaijão moderno terá, a olho nu, mais de interesse do que de louca paixão. É verdade, esta ligação não estimula particularmente o meu suposto lado de ‘pinga-amor’.
Banca. Seguros. Construção. Turismo. Eis as áreas de interesse e ação da sua família. Dizem relatórios ‘wikileaks’ de países ocidentais que a sua família está em conluio com outras para manter bem restritos os grandes negócios no país. E o seu charme, com repercussões além fronteiras, e sucessivas ações humanitárias vão servindo para cobrir tudo isso no fast-food informativo dos dias atuais.
Antes de chegar, já o ‘protocolo’ há muito anda em stressada azáfama. Há uma esbelta russa, que passou pelos Jogos Olímpicos de Inverno de Sochi, que integra a equipa responsável para que nada de nada falhe. Parece-me a única pessoa serena. É a única estrangeira da equipa, está aqui por trabalho e lazer.
Bem mais charmosa e sorridente do que a altiva chefe de operações, verdadeira generala que poe tudo a mexer em seu redor. Incluindo a segurança presidencial. Nós, jornalistas, de um lado para o outro. Ao ritmo dos seus desejos. Infelizmente, acabadinhos de chegar e (ainda) folgados de ocupação, frescos fisicamente e disponíveis para esta encenação. Mais um momento público aprazível e elogioso para a senhora Mehriban Aliyeva.
Cumpra-se o protocolo. O português, com quem estive a falar serenamente, dá-nos um ‘até já’ e, logo de seguida, monta a sua amiga de duas rodas, dá uma pequena voltinha e finge que está a acabar de chegar de bicicleta. As televisões do Azerbaijão não se atrevem a perder pitada. Cristóvão é saudado pela mulher mais poderosa da região. O ministro do desporto e o máximo responsável dos comités olímpicos europeus. Cumprimenta-a. Entrega a bandeira de Portugal. E está feito.
Sem sabermos bem como, a invejável Aliyeva desaparece de cena. Ela e o batalhão de seguranças. De perto, confirmo como já foi de bela extrema. E como agora parece demasiado ‘recauchutada’. A idade não perdoa. Subitamente, perdemos-lhe o rastro. Até do seu perfume…
O espaço de luxo acabado de inaugurar para os Jogos serve-nos um lanche ajantarado com as melhores iguarias do país. Não há estomago capaz de dar resposta a tanta diversidade e qualidade. Nada a apontar na forma de receber. Longe disso!
As meninas do protocolo – umas duas dezenas, escolhidas e vestidas a ‘dedo’ – já podem relaxar e, também elas, mergulhar no banquete.
Em país Islâmico, dou-me à sentida ostentação de um pouco de tinto. Longe de imaginar que este seria mesmo um dos meus últimos luxos….
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