Vinho, sentimentos, guitarra e poesia
fazem os cantares da pátria minha.
Cantares…
Quem disse cantares disse Andaluzia.
À sombra fresca da velha parreira,
um moço dedilha a guitarra…
Cantares…
Algo que acaricia e algo que dilacera
“A nota aguda” que canta e o “baixo’ que chora…
E o tempo calado se vai hora após hora.
Cantares…
São marcas fatais da raça moura.
Não importa a vida, que já está perdida,
e, depois de tudo, que é isso, a vida?…
Cantares…
Cantando a dor, a dor se esquece.
Mãe, dor, sorte, dor, mãe, morte,
olhos pretos, negros, e negra a sorte…
Cantares…
Neles a alma da alma se verte.
Cantares. Cantares da pátria minha,
quem disse cantares disse Andaluzia.
Cantares…
Não tem mais notas a guitarra minha.
Manuel Machado
Poeta e dramaturgo espanhol
3 Comments
Que poema lindo!
Daiana Araújo, é dos mais belos que conheço a ‘cantar’ o fascínio que é toda a Andaluzia…
Um sorriso sincero, uma tarde de calor, um copo de vinho, um pátio interior dos muitos que existem e são a alma de Sevilha e este poema faz guardar a memória da Andaluzia na geografia dos lugares a voltar na vida!!