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Partilhar com o lago belo sono sob as estrelas

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Toneladas de pó que longa jornada para o Afrera nos proporcionou diluídas na magia do lago. Tão salgado que boiamos como no Mar Morto. Um dia a sonhar com este momento. Foram tão longas as horas de tormento em caminhos rabiscados na paisagem, que o corpo agradece o primeiro banho da jornada.Se esqueci de referir, estes cinco dias de inferno na Depressão do Danakil não providenciam qualquer duche ou wc. A natureza tem tudo o que precisamos.Duas horas na água e quase adormeço. Saio direto para a hotspring. Mais do que sopa, um bom chá quente. Estamos em zona vulcânica. A maior concentração em África. Estamos também abaixo do nível do mar. E na que é, oficialmente, a zona mais quente do planeta. custa deixar Hamadella, mas sei que voltaremos. Na última noite. Impressiona esta capacidade dos Afar em viver em zona tão inóspita. Há pastores nómadas. Famílias inteiras sob meia dúzia de estacas e um plástico. Os todo-o-terrno passam e todos acenam com a maior excitação do mundo.Quando a natureza é generosa e revela água, sabemos que vamos ter animais em força. Neste caso, camelos e gado bovino. Saciam-se sem pressa.Em 2012 foram mortos cinco turistas britânicos nesta região. Houve outros feitos reféns e feridos. As feridas com a separatista Eritreia longe de completamente saradas. Podemos avançar  com ordens de Adis Abeba, o poder da capital. E teremos mesmo escolta policial e militar daqui para a frente. Não há um plano B. É obrigatório.Continuamos a ver camelos e burros perdidos no nada. Tal como pessoas, a muitos quilómetros de ‘algo’. Que fibra. São 2.000 anos a aprimorar as capacidades de resistir ao inferno.Denies é sessentão francês com reforma antecipada. Diagnosticado um problema fatal. Entretanto curado. “Os milagres da medicina”, ri o mais simpático entre todos os franceses que conheço. Viveu dois anos no Brasil. Também ajuda. Entusiasmado por poder praticar a língua. Não tarda estará no Carnaval do rio, concluídos três meses na Etiópia.  Yin é chinesa de Xangai, auditora que tirou um ano para viajar. Começou no Irão. Terminará na África do Sul. Anda sempre de kispo e mochila de 12 quilos as costas. Não confia…Terminado o banho no lago e a limpeza do sal nas cálidas águas da mini cascata, exploramos a aldeia.O normal: as cabras são uma animação. Estão em todo o lado. Sem cerimónias. E a sua gula ataca tudo. Crianças perseguem-nos. Mais amigáveis do que nunca. Ninguém pede  dinheiro. Revezam-se a dar-nos as mãos. Querem apenas tocar-nos. Estar próximas. E tirar  e ver fotos. O pôr de sol é em boteco com esplanada improvisada. Jogar conversa fora com os locais. Um polícia mal fala inglês, mas deixa-me fazer tudo com a sua kalashnikov.O jantar é a metros do lago. Mesa improvisada e candeia. Estes serões de África serão difíceis de cicatrizar. Não há hotel. Colchão minúsculo no chão. Ouço a cachoeira a poucos metros. As estrelas recortadas pela palmeira sob a qual vou dormir. Sim, isto é um caos. Mas como trocar estes momentos? A noite esta cálida… Sombras e candeias movem-se noite dentro e pela madrugada. São os balneários públicos. Um luxo, água quente e limpa. Ao ar livre. Adormecerei e o lago a meus pés, espera-me ao raiar da luz….

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