A noite é fértil em pequenas luzes ambulantes. A nascente de água quente – e limpa – funciona como que os balneários da cidade. Chegam, despem-se (dia ou noite, despreocupados com o pudor) e banham-se. Aproveitam e tratam da roupa.Desta vez não sou acordado por cobras. São mais banhistas. O lago começa a mudar de tonalidades. O sol ameaça subir, obrigando as estrelas a saída com vénia. Cores quentes e um calor crescente. Ameaça esmagar.Estamos prontos para partir. Retiram-nos os colchões e… vão nadar. Uma hora à espera dos guias. Tenho dúvidas quanto ao papel de cada um. Ao invés de se preocuparem com o nosso bem-estar, nem um gesto ou pergunta. Estão na sua. E nada a fazer.Arrancaremos mais tarde e um minuto depois já nos detemos em esplanada. Não há pressa de seguir. Esperam-nos um par de horas de estrada. Primeiro em asfalto. Depois em terra batida sinuosa. Finalmente, em estrada apocalíptica esculpida em lava solidificada. Descubro ossos e músculos em mim que desconhecia.
Antes desta penosa parte, encantado, de novo, por crianças Afar. Etnia que prima por exótica e estonteante beleza. Que se degrada rápida e irreversivelmente a partir dos 20. Sensivelmente. As mulheres casam entre os 13 e os 18, com um Afar. Preferencialmente primo. Os homens ligam-se a quem quiserem. Muslim rules…Chegamos ao acampamento base do Erta Ale para almoço tardio. As temperaturas proíbem circular no exterior. Estamos em cubículo redondo de rocha de lava com paus mal amanhados e palha no teto. Ajuda a serenar. O acampamento está fortemente armado. Polícia e exército. Vagueio em busca de wc de improviso e sou abordado por diferentes militares. Incidentes passados – em 2012 foram mortos cinco ingleses, houve feridos e raptos – recomendam toda a atenção. Há mais armas aqui do que no resto do país. Desculpa-se o óbvio exagero.A brisa inicial já não sopra. Esperamos pelas 18h00 para 9.5 quilómetros a subir até à cratera. Já assamos. Os camelos estão prontos. Coragem precisa-se..
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