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MATOSINHOS: UM MAR DE RAZÕES PARA NOS APAIXONARMOS

MATOSINHOS: UM MAR DE RAZÕES PARA NOS APAIXONARMOS

Terminal cruzeiros Matosinhos

Matosinhos é, sem dúvida, um destino turístico independente, que justifica perfeitamente uma viagem exclusiva ao seu território para apreciarmos os seus inúmeros atrativos, particularmente ligados ao mar… e à mesa. Se a sua gastronomia é de qualidade ímpar para quem aprecia peixe, também encontramos motivos de sobra para nos enamorarmos da arquitetura, das tradições, da sua história, da orla marítima, da arte urbana ou dos caminhos que nos levam a Santiago, de Compostela.

PEIXE COMO EM LADO ALGUM

Matosinhos bom peixe
(O ‘Lobo do Mar’, em Angeiras, deixa-nos verdadeiramente rendidos aos sabores do mar…)

“Estás sempre em Matosinhos!”, dizem-me amiúde, nas muitas (demasiadas) vezes em que almoço/janto fora. A razão é fácil de explicar: a minha dieta alimentar passa sobretudo por legumes e peixe. Se quanto aos primeiros adoro os sabores transmontanos, já em relação ao peixe não conheço destino em Portugal que mais me prenda, tal a quantidade e qualidade das opções.

O Lage Senhor do Padrão recolhe boa parte das minhas visitas, mas numa exploração mais detalhada de Matosinhos descobri os paladares incríveis d’A Margarida, em Leça da Palmeira, e do Lobo do Mar, em Angeiras. Poderia continuar com a (extensa) lista de sugestões, mas quero que sejam vocês a surpreenderem-me com as vossas. Boa?  

O peixe surge identicamente na indústria conserveira, que já foi um dos grandes motores económicos do concelho. Outrora, umas 50 empresas laboravam com impressionante pujança, empregando milhares. Entretanto, os tempos mudaram e boa parte dos projetos interrompeu, definitivamente, o seu propósito. Restaram duas empresas: decidi conhecer as conservas Pinhais. E que surpresa…

Se o contexto do setor é realmente muito bem explicado, apreciei especialmente a viagem à história da empresa, alicerçada em valores que defendo: Família. Tradição. Ser único. Uma experiência interativa que, acredito, cativará igualmente os mais jovens, pois tem estímulos para todas as idades. Meti (literalmente) as mãos na areia para descobrir adereços alusivos, vi um consultório médico com mais de meio século, percebi como eram (até há pouco) os velhos escritórios, encantei-me com um cofre histórico e deliciei-me com os dois vídeos com que fomos presenteados (bom, o termo ‘deliciar’ seria mais bem aplicado na prova no fim do périplo, com pão à altura da variedade de peixe em conserva (picante ou não) que pude provar).

Deambulei pelos diversos postos de trabalho sequenciais que, curiosamente, são ocupados pelos mesmos colaboradores, que são responsáveis por todas as fases do processo. Sem lugar à monotonia, portanto. Como fui a um sábado, não pude apreciar o reboliço do quotidiano, contudo deu para cirandar pelos locais que habitualmente nos estão interditos.

No fim, não faltaram opções de conservas para nos prender o palato.

RIQUÍSSIMA ORLA MARÍTIMA

Surf em matosinhos
(O dia mal nasceu e a praia de Matosinhos já tem vida com os surfistas.)

Matosinhos tem vasta costa onde proliferam boas praias, spots para fazer surf – muitos estrangeiros deslocam-se cá para aprender nas escolas de surf do concelho -, para almoçar num bar de praia ou simplesmente usufruir as suas esplanadas e o ‘sunset’, os pores de sol que eternizamos na memória.

No caminho da costa, rumo a Santiago de Compostela, podemos apreciar tudo isso. Normalmente, os peregrinos – crentes ou não – partem do Porto pela manhã e percorrem a costa matosinhense durante o dia, contemplando tudo isto. Se essa experiência é épica para eles, não tem porque ter um impacto menor em nós, certo?

Na praia de Matosinhos, de extenso areal, que desagua no paredão que nos separa do terminal de Leixões, encontramos a Onda Pura. Desde madrugada até horas mais tardias, há sempre quem se proponha aprender a surfar, num mar aqui mais controlado e propício para o ensino, sem receios infundados do oceano. No mar, a paisagem conta habitualmente com aqueles que já dominam a arte e não dispensam uma visita regular para limparem a alma…

Neste areal deparamo-nos com vários bares, que se espalham na costa em direção a Leça da Palmeira e posteriormente até Angeiras. Podemos caminhar descontraidamente desprotegidos de comida para repor a energia, retemperar forças, já que não faltam opções para corrigirmos a ‘imprudência’. A dificuldade é mesmo a de escolher o melhor ‘spot’ para nos deixarmos ficar… 

Gostei peculiarmente de usufruir do ambiente do Xiringuito, com sangria a preceito, comida acima das boas expectativas e vista privilegiada para as quentes tonalidades do sol a desaparecer no distante horizonte. A curta distância, o Le Kodac, para quem prefere um ambiente mais sofisticado, edificado quase ao nível da areia da praia.

Se for uma quarta-feira à tarde, imperdível uma subida ao Farol de Leça, ali a dois passos. Uma altura de 46 metros que nos permite vistas privilegiadas a 360.º. Além da história do edifício – e de ficarmos a saber mais sobre os faróis em Portugal -, ficamos a entender a real importância destes autênticos monumentos nacionais.

No topo… vislumbro, ao longe, o terminal de Leixões, e aos meus pés a casa de Chá da Boa Nova – de Siza Vieira, tal como as piscinas de Leça (de Siza Vieira), apenas um pouco mais distantes – bem como a extinta refinaria da Galp, para os apreciadores de ambientes mais industriais (sei bem que há cada vez mais adeptos para os fotografar).

ARQUITETURA DE EXCELÊNCIA

arquitetura e cultura matosinhos
(E quando à arquitetura se junta a cultura?)

O matosinhense Siza Vieira, muito provavelmente o nosso mais afamado arquiteto a nível mundial, que já ganhou um Pritzker – tal como o portuense Eduardo Souto Moura – tem obra significativa na sua cidade natal, que alberga alguns dos seus trabalhos mais emblemáticos.

Neste lote, destacam-se a piscina da Quinta da Conceição (1958-1965), a piscina das Marés (1961-1966), a Casa de Chá da Boa Nova (1958-1965) e a marginal de Leça da Palmeira (2006), que une estas duas obras, num espaço adaptado às suas novas funções e características de centralidade e de área de lazer.

Souto Moura notabiliza-se aqui pelas Casas Pátio, próximas do porto de Leixões, bem como a nova marginal da urbana.

Mais arte e saber em Alcino Soutinho, responsável pelo edifício que alberga o poder autárquico, bem como da biblioteca contígua, ambos motivo de orgulho dos matosinhenses.

Fernando Távora, que a todos estes génios inspirou, tem obra na Quinta da Conceição e na adaptação do Museu da Quinta de Santiago, contribuindo também para o facto de Matosinhos ser reconhecida como um ícone da nova arquitetura portuguesa.

A Casa da Arquitetura, é, por isso, igualmente obrigatória, até num contexto de afirmação e maior proximidade à sociedade que, desde 2007, o ano da sua inauguração, tem desempenhado um papel fundamental no êxito deste projeto que tem o condão de unir as vontades da região.

CONVIDATIVA ARTE URBANA

Matosinhos arte urbana
(‘Freedom fighter’ é o mais recente trabalho a dar vida ao tecido urbano de Matosinhos.)

Os amantes da arte urbana têm motivos para explorar um pouco por todo o concelho, sendo que uma das maiores concentrações está em Leça do Balio, no complexo empresarial da Lionesa. A transformação de uma imensa parede é um ótimo pretexto para sairmos do centro urbano. E para conhecermos o imponente mosteiro de Leça do Balio, um exemplo singular de arquitetura religiosa fortificada, de estilo românico e gótico.

Voltando ao mural, trata-se de um projeto ímpar, de aproximadamente 1.400 m2, que juntou uma dezena de artistas – oito portugueses (Caos, Colectivo Distopia, Draw, Mr. Dheo, Third, Mar, Mário Belém e RAM), um angolano (Nomen) e outro brasileiro (Utupia) – para apresentarem a sua arte, naturalmente, sempre com ligação ao mar e à história de Matosinhos. Esta experiência visual, que poderá potenciar um turismo industrial, é, assumidamente, o maior projeto de grafitti/street art no nosso país.

No centro urbano, numa paralela à praia, encontramos “Freedom fighter” (Lutador pela liberdade), uma obra que simboliza um apelo à paz e homenageia a resistência do povo ucraniano perante a invasão militar da Rússia. O artista MrDheo é o autor deste trabalho, o mais recente – e dos mais impactantes – a enriquecer o tecido urbano da cidade. Galeria P55, a Escola Secundária Augusto Gomes e a Escola do Estádio do Mar são outros locais que merecem o nosso ‘visto’. É que, além de requalificarem o espaço urbano, estes murais constituem em si um gesto de democratização da arte, contribuindo de igual modo para a dinamização e diversificação turística, o que muito agradecemos.

MUSEUS PARA TODOS OS GOSTOS 

(O difícil mesmo é selecionar tudo o que podemos experienciar em Matosinhos.)

Se o dia não estiver de feição para explorações ao ar livre, não é caso para preocupações, pois há uma solução: MuMa – Rede de Museus de Matosinhos. Ao todo, são 14 ideias museológicas com temáticas tão diversificadas quanto a exigência do nosso interesse.

Museu da Memória de Matosinhos, Casa do mar e tanques romanos, Casa-museu Abel Salazar, Farol de Leça da Palmeira, Museu da Quinta de Santiago, Núcleo museológico do mar são algumas das sugestões.

Confesso que me surpreendeu o primeiro que enumerei, aquele onde tomei conhecimento da memória de Matosinhos: desde realidade virtual a pintura, de objetos a projeções tecnológicas, são várias as formas de nos contarem a história deste riquíssimo território.

Fiquei surpreso com a dinamização cultural de Matosinhos, ciente do seu legado histórico e com vontade de o fazer chegar até nós.

Querem mais motivos para visitar Matosinhos?

*** Bornfreee esteve em Matosinhos a convite da autarquia ***

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