Ser recebido por inúmeros edifícios protegidos por altos muros e arame farpado não é o melhor cartão de visita. Bujumbura é assim. A escolha do hotel (Best) conta com improvável ajuda de dinâmica cinquentona francesa que nos arranca do táxi, dá sermão ao taxista (julga que anda as voltas connosco) e leva-nos onde acabamos por ficar. Vive entre a sua França, onde ganha os trocos que lhe permitem longas temporadas no improvável Burundi. O lugar é dos poucos de Bujumbura que conquista ao primeiro olhar, mas a fome obriga-nos a ser resolutos. Boteille D’Or. Esperamos um lugar com estilo. Não podemos estar mais enganados. É ao ar livre. Está escuro. Há um palco. Mesas espalhadas. Apenas percebemos que continuamos sem ver turistas. E como isso é fantástico…O reggae domina as actuações que se vão sucedendo. Até que o espetáculo estabiliza. O vocalista principal mostra repertório de uma hora. Musicalmente, muito bem acompanhado. Guitarrista atua fora do palco. Sentado em cadeira e pés esticados para cima do estrado. Tem ar de tudo, menos de artista. Que solos… quando se entusiasma, invade o palco. E até toca com os dentes… Arrepiante. Jantar antecedido de regador e bacia. Para lavarmos as mãos. É que o frango – com gostoso molho desconhecido, que inclui lascas de cebola cozinhada e tiras de banana – será devorado à mão. Quando reparamos que dançamos nas cadeiras, muitas outras pessoas já mostram ritmo. De pé. No fim, o cantor-estrela vem cumprimentar-nos e recebe excelente feedback. Bendito ignorar do primeiro impacto. Quando pensávamos que nem comida iríamos encontrar, brindados com excelente jantar e um espectáculo tão surpreendente e inesperado, quanto fantástico..
Share on facebook
Facebook
Share on twitter
Twitter
Share on linkedin
LinkedIn
Share on pinterest
Pinterest