O regresso a casa estava marcado por Joanesburgo. Neste tipo de jornada, o melhor mesmo é entrar por um país e sair por outro. Sem tempo de olhar para trás ou a maçada de voltar ao ponto de partida.
A fronteira era ali ao lado. Ao todo, apenas uns 370 quilómetros desde Mbabane a uma das cidades mais violentas do Mundo. Mas sem stress. África do Sul é “Europa”. Pelo menos nas redes viárias. Neste caso, um bem que terá raízes no mal. Na Suazilândia é unânime a ideia de que as boas estradas e ligações ao vizinho se devem à visita dos sul-africanos. Durante décadas, vinham aqui “contornar” o Apartheid. Em busca do óbvio: sexo. Mais de 50 por cento da população suazi está infetada de SIDA.
O caos de avançar no terreno na África dura tinha ficado algures no passado recente, ainda em Moçambique. Agora era sempre a rolar até aos braços dos entes queridos. Em longa viagem que dá muito tempo para iniciar a dolorosa readaptação ao dia a dia em Portugal.
Confortavelmente instalados na carrinha de 12 lugares, não havia tempo para usufruir do país, apenas do desfilar de paisagens belas e serenas a ladear as autoestradas. Soberbas imagens naturais. E rurais. Sem vislumbre de qualquer dos flagelos que afeta o país.
Já no aeroporto, sobram motivos alusivos ao Mundial2010. Faltava apenas meio ano. Semanas antes, em doce acordar no Serengeti, um sms revela que Portugal se apurou. A confirmação da minha “convocatória” para o maior espetáculo de futebol do planeta. Ninguém se esquivou a madrugar após o meu sonoro “YESSSSSS!!”.
Agora impera o silêncio de quem percebe que a epopeia “Down Africa” tinha terminado. Até na eternidade em que aguardamos pelo voo. Já estamos num outro mundo.
Horas mais tarde, já em pleno voo, a mente divaga. Aspira por novas cruzadas. Com a certeza de que o regresso está para breve….
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