TODOS somos poucos para dar a Kibera a oportunidade de ser do ‘nosso’ Mundo.

Não percebo muito bem o que está acontecer. Apenas que há um choro, reativo e compulsivo, que é imediato. Paula fica ali, prostrada no meio do caos, inerte. Imóvel e aos soluços, sem um ombro que ampare o seu desabamento emocional. Dou-lhe o meu.

Na preocupação de a isolar desta crua e dura realidade, só mais tarde confirmarei que os meus piores receios se confirmam. A desgraça humana teve mais um episódio trágico. No meio da imundice, é encontrado um corpo, já cadáver, de recém-nascido. Abandonado no caótico desespero de Kibera.
Esta história não tem eufemismos, mas poderia muito bem começar pela ‘changaa’, uma bebida com mais de 50 por cento de álcool e que aqui é vendida a pouco menos de 10 cêntimos. Alguns goles bastam para potenciar um profundo estado de embriagues. Com mais de 50 por cento das pessoas de Kibera desempregadas, há quem comece a beber manhã cedo. Pouco depois surge, com desumana naturalidade, a violência, o crime e as violações, infelizmente diárias… As drogas – as ‘baratas’, a cheirar a cola – também invadiram a maior favela de África, degradando ainda mais o cenário.

Como se isso não bastasse, a maior parte dos homens ainda não usa preservativos. Os números dizem que, a cada dia, mais de metade das raparigas entre os 16 e os 25 anos está grávida. A maioria destas gravidezes são indesejadas. Seria o caso desta…
Como se não bastasse, Paula depara-se com outra situação que lhe toca o íntimo: uma cadela em muito mau estado, impotente para fugir a um destino idêntico, está inerte e demasiado débil ajudar as várias crias minúsculas que o rodeiam nesta imensa lixeira a céu aberto.

A minha amiga não será a única a desejar que esta exploração de Kibera termine rápido. De preferência já ali. No seu caso, que seja MESMO apagada do mapa da sua memória. Reconheço: é preciso algum ‘estofo’ para deambular horas e horas pelo caos. Em todos os sentidos.
Este ‘bairro’ alberga 2.5 milhões de pessoas, mais de metade da população de Naibori, Quénia. Uma das maiores favelas do Mundo e que foi imortalizada, entre outros, no filme Fiel Jardineiro. É certamente uma das mais degradadas: pobreza extrema, precárias construções ‘temporárias’, quase total ausência de saneamento básico (uma latrina – um simples buraco no chão – é partilhado por umas 50 apinhadas barracas e, quando cheia, jovens são contratados para transferir os dejetos para o… rio), má saúde ambiental, SIDA…
Choveu e, como é hábito, há demasiados trilhos intransitáveis. Há alturas em que ter os olhos no chão é bem mais importante do que absorver todo o imutável caos que nos rodeia. Qualquer humano sente desconforto neste solo, que grita por socorro através de todos os seus poros. Fechar os olhos não nos tira deste cenário, que se incrusta bem fundo na pele. Impossível estar em Kibera sem a ter, literalmente, dentro de nós.
Aqui nada é planeado, antes improvisado. Onde imaginamos um barraco, afinal são dois ou três. Os caminhos são, normalmente, o espaço vago deixado entre umas mal-amanhadas habitações e outras iguais no improviso. A água escorre por todos os veios e não há chão sólido no qual confiar os nossos passos.


Os sobe e desce são contínuos. No sopé há um regato que corre. Ou corria. Na verdade, mal se vê a água. Foi engolida por um amontoado de lixo no qual vagueiam três porcos. Dois bem ativos, a banquetear-se no degredo, um a dormitar, provavelmente já bem alimentado. Não arriscaria no seu presunto…
Kibera é, em si, um Mundo. Aqui cabem todo o tipo de profissões. Então barbeiros e cabeleireiras… não consigo dar 10 passos sem me cruzar com um. O espaço de uma cabine telefónica em Portugal quase que dá para montar um salão aqui. Quem tiver um qualquer vegetal ou fruta que ‘sobre’, um banco basta para o tentar vender. Negocia-se tudo o que é possível. Também encontro improvisadas gasolineiras. Ou seja, uma janela, gradeamento, uma bomba lá dentro e a mangueira que apenas sai quando os shillings (moeda queniana) cruzam o metal protetor e repousam em mãos seguras.

Já referi que aqui não há hospitais ou centros de saúde e que o único auxílio chega através das organizações internacionais? E que a água ‘potável’ está longe de ser pura e é mesmo a principal causa de tifo e cólera?

O que em 1912 começou por ser um assentamento de 600 soldados núbios (sudaneses) por parte do governo colonial britânico foi ganhando dimensão e perdendo controlo até ao atual estado. Caótico. Cada cubículo de cinco passos por outros tantos aloja três, quatro, cinco ou mais seres humanos. Basicamente, 60 por cento da população de Nairobi vive em somente seis por cento do território. Que é pertença do estado. Na verdade, somente um em cada 10 habitantes é dono da sua própria barraca. Os restantes não têm quais direitos de propriedade…
Cada barraco tem cerca de 3.5 X 3.5 metros, construído com paredes de barro, um telhado de zinco corrugado com um piso de terra ou concreto. Apenas uma em cada cinco casas tem eletricidade. Cada família paga uns sete euros por mês por um mísero quadrado que alberga até 8-10 pessoas, muitas a dormir no chão. Existem muitas tensões em Kibera, particularmente tribais entre os Luo e os Kikuyu, ambos oriundos do oeste do país, mas também entre senhorio e inquilino e aqueles com e sem emprego.

Visitaremos uma ‘empresa’ artesanal em que ossos de todo tipo de animais são desperdícios transformados em arte: brincos, colares, pulseiras… o exemplo de que há esperança. O grupo Bornfreee entusiasma-se e a manhã é bem proveitosa, quando os artigos são vendidos a preços de mercado europeu. Todos ficam felizes e o Mundo é mais uno. E bem mais justo.

Kibera tem sido alvo crescente do interesse de turistas. Projetos controversos com motivações e resultados que estão longe de ser consensuais na aprovação dos locais. Kibera não é um parque nacional, pelo que a consciência social é fundamental para que os residentes não sejam tratados e não se sintam como “vida selvagem” à luz das objetivas. Fotografar a carência de quem não tem a capacidade de suprir as mais elementares necessidades básicas exige consciência e cuidado: não é um exercício fácil, nem imune a dúvidas morais. Por outro lado, os poucos grupos organizados que aqui chegam fomentam o emprego e estimulam pequenos projetos como o que visitamos, ligados a artesanato e roupas tradicionais, entre outros.
Antes de se aventurarem por Kibera, ou uma favela semelhante, questionem-se: O que aconteceria a um africano se viesse tirar fotos sem fim à extrema pobreza de europeus?

Depois de visitar mais uma escola, almoçaremos num restaurante local que a Marta (já lá vamos) ajudou a lançar. Na prática, uma mesa de bilhar inativa ladeada por dois bancos corridos, unidos em angulo de 90.º. Longa conversa sobre Kibera, troca de experiências e perspetivas ao sabor de deliciosa massa com feijão. Unicamente. E que maravilha que estava…
From Kibera With Love é o ideal social de uma portuguesa que, muito nobremente, se insurgiu contra esta realidade e agigantou-se na luta contra este generalizado estado de pobreza. Marta Baeta voltou ao Quénia para ficar, depois do seu trabalho de voluntariado desenvolvido em 2012, durante três meses. A ideia é garantir a estas desfavorecidas crianças o “luxo” de poderem estudar. A única forma de um dia poderem cortar o firme cordão umbilical à pobreza.


A instituição atua com os jovens e com as suas famílias. Neste oásis vi organização. Regras, método e empenho. Vi crianças felizes. Com higiene na conduta e no traje e, não menos importante, com o estômago reconfortado. Senti amor. Muito. E emocionei-me. Isto basta-me para saber que estes 70 jovens encontram aqui condições para enfrentar a vida com outra confiança, aspirar a um verdadeiro futuro. Saiba mais em www.fromkiberawithlove.org
Kibera precisa de tudo. Desde os mais elementares cuidados básicos a emprego. Necessita de direitos de propriedade e educação, saneamento e segurança. E o luxo de duas refeições por dia. From Kibera With Love é uma gota. Mais do que dinheiro e bens, o planeta-Kibera chama por gente qualificada e com vontade de dedicar parte da sua vida a um bem maior. Comprometimento para com o bem-estar e a esperança dos nossos semelhantes, que na roleta da sua existência lhes saiu a fava, uma favela que os enclausura e nega o horizonte. Kibera grita por ajuda. Nesta vida – acredita que não há outra -, queres mesmo fazer a diferença? Esta é uma boa oportunidade…

54 Comments
Pesado texto… dura Realidade… E como saber mais para ajudar este projeto?
O Mundo também tem este lado B… infelizmente, em mais zonas do que seria desejado. Há vários projetos de ajuda… neste caso, visitei – e gostei muito do trabalho – o From Kibera With Love, da Marta Baeta. Tens o link do site no artigo… Obrigado e beijinho.
Incrível olhar.. e excelente testemunho! Aprecio a tua sensibilidade acerca da polemica presença dos turistas…
Parabéns!
Obrigado, Marília. Viajar é também contar o menos bom que o nosso olhar testemunha, procurando sempre um ângulo positivo. Beijinho e boas viagens…
Pois é Rui, as realidades das favelas – em Kibera, no Brasil e em muitos países ditos desenvolvidos – estão tão longe e tão perto ao mesmo tempo… Cabe a nós botar a mão na consciência, reconhecer nossos privilégios e abrir os olhos para os irmãos bem menos favorecidos que estão lutando apenas para sobreviver nesse mundo tão injusto em que vivemos.
Concordo plenamente, Gabriela. E nós, que temos o privilégio de poder viajar, temos também a obrigação moral de partilhar o lado B do Mundo, abrir os olhos a quem apenas deseja ver a fantasia… beijinho e boas viagens!
A dura realidade à frente dos nossos olhos, a sensabilidade com que o Rui toca nestes aspetos é de louvar. Uma imagem que certamente ninguém quer ver, mas tem de se ter mais do que essa ideia pré-definida, é necessário lutar todos os dias. Excelente testemunho parceiro, os meus Parabéns Rui.
Obrigado, Diogo Bernardino, pela tua ‘reacção’. É responsabilidade de quem tem o privilégio de viajar contar tudo o que vê, mesmo que sejam histórias que fazem com que boa parte da população vire a cara para o lado… abraço e boas viagens!
Nao me tinha apercebido o quão intensa foi esta tua ultima viagem…
Mundo este onde vivemos não é? Fiquei impressionada não tanto com a pobreza( infelizmente tenho conhecimento de que é avassaladora) mas sim com a grandeza do coração da Marta Baeta. Fantástico.
Sim, Lurdes, felizmente que há ainda excelentes exemplos de quem vive preocupado bom o bem-estar e futuro dos outros. Ainda por cima, numa altura em que se generalizam os casos de má utilização de fundos para causas sociais, um excelente exemplo de quem ainda nem chegou aos 30 mas tem uma maturidade – e coração – do tamanho do Mundo. bjkssss e continua aí… 🙂
Excelente relato em trazer para nós viajantes um relato dessa forma de vida. O que impressiona é que diante de todas as adversidades eles ainda sorriem e são receptivos a nós turistas.
Leo, desde que o ‘turista’ tenha um comportamento ‘decente’ e razoável. No Mundo ocidental dito ‘evoluído’ é que vamos tendo mais dificuldades em sorrir… o que não se compreende. Temos imenso a aprender com o Mundo…
Que texto triste. Nós do Brasil estamos acostumados a conviver com favelas em situações parecidos há poucas quadras de nossas cosas, mas mesmo assim espanta ver em detalhes como é triste isso ainda existir, como é triste o ser humano.
Edson, o Mundo deveria caminhar para um lugar mais justo… mas está difícil. Obrigado pelas palavras e grande abraço!
Rui, um dos artigos mais interessantes que já escreveste. A parte inicial é de nos colar o coração às costas e um murro no estômago. Também estive em Kibera e sei o quanto isso pode marcar a nossa visão do mundo.
Obrigado, Carla. De facto, Kibera só mesmo visto, ‘vivido’. Quando lemos algo no conforto do sofá, logo surge algo para nos distrair deste ‘Mundo’. Compete-nos, também, através das palavras e imagens, mostrar as assimetrias deste planeta… se uma mente mais ‘despertar’ para o ‘outro’, teremos feito o nosso trabalho. Beijinho e boas viagens…
Que texto incrível, que relato forte! Acho que o bom de viajar é poder ter contato com o diferente e não só pelo lado bom, mas conhecer tantas outras realidades, enxergar realmente as injustiças que há no mundo e, quem sabe, tentarmos de alguma forma fazer uma pequena parte, como o trabalho da instituição.
Nem mais, Mariana. Defendo isso mesmo. Obrigado pelo interesse e comentário 🙂 Beijinho e boas descobertas…
Incrível como fico tocada lendo seus textos. Que dura realidade, realidade que dói! Quanto pobreza e falta de amor em um lugar. Obrigada por compartilhar suas experiências visitando esse lugar e parabéns por ir onde poucos querem.
Obrigado eu pelas tuas palavras, Tharsila. Acho que quem tem o privilégio de viajar tem a obrigação de contar tudo o que está além de um Mundo cor-de-rosa… Sei que não será dos textos que as pessoas mais gostam de ler – normalmente, mais recetivas às coisas boas da vida – mas são os que mais vontade tenho de escrever. Beijinho e boas viagens…
Que texto lindo, e triste. Aliás, real.. Muito difícil não se emocionar com os relatos. Bonita sua sensibilidade em pensar com relação às fotos versus condições e sentimentos de quem é fotografado. E suas fotos então, falam por si só!
Lais, temos de sair do nosso ‘umbigo’ e colocar-nos sempre na pele do outro. Sem ser invasivo, mas tentar contar a realidade. Obrigado pelas palavras. Beijinho e boas viagens…
Lais, a realidade é isso mesmo: pode ser bela e triste. E as duas coisas ao mesmo tempo. Obrigado pela leitura e comentário 🙂 Ajuda. Beijinho e boas experiências…
Sabe o que é pior sobre a miséria, na minha opinião? Quando ela é tão comum e próxima que já não choca e sem horror não grita por mudanças. Aqui no Brasil, favelas, moradores de rua, dependentes de crack convivem muito perto de todos, seja ao vivo, seja pela mídia. Parabéns a esta moça Marta Baeta, que Deus a abençõe e ilumine. Obrigada pela emoção de hoje, Rui.
Obrigado eu pelas tuas palavras, Marcia. É mesmo isso que dizes: ficamos tão habituados à miséria que esta deixou de nos chocar… E como isso ‘custa’. Enquanto puder remar contra essa maré… Beijinho e boas viagens…
Nossa, fico na dúvida em como me sentir ao ler um relato desses. Triste por ver tamanha desigualdade enquanto algumas pessoas ostentam tanta coisa, mas feliz de saber que tantas pessoas conseguem encontrar a felicidade mesmo vivendo com tão pouco. Obrigado por compartilhar! Abs
Obrigado eu pelas palavras, Amilton. Que este “Mundo” e as dificuldades daqueles que nele habitam nunca sejam esquecidas…
Adoro seus textos Rui. E acho que o turismo pode ajudar muito se feito com responsabilidade e compromisso.
Nem mais, Alessandra. Acredito, inclusivamente, que projetos desses podem ajudar Kibera a sair desta situação… desde que muito bem ponderados e envolvendo a comunidade.
Excelente testemunho. Infelizmente h muitas Kiberas por esse mundo fora…Fantastico o projeto da Marta Baeta. Apesar de tanta miseria e privaçao, consegui ver rostos de crianças felizes. Ha quem tenha o dom de ser feliz com tao pouco! Que isto nos (me) sirva de liçao para valorizarmos mais aquilo que temos.
Nem Mais, Helena 🙂 sei que és das que trabalham para que este Mundo seja um pouco melhor…
Excelente artigo, com sentimento como sempre. Infelizmente existem muitos mais lugares assim. A Marta é um exemplo para todos nós.
Sim, Vítor, infelizmente há demasiadas Kiberas neste planeta. É responsabilidade de todos nós fazer com que não sejam esquecidas e, de algum modo, contribuir para que vão acabando… abraço e boas viagens!
Um texto muito emocionante. Mesmo em uma realidade tão dura as crianças ainda sorriem, um sinal de que é possível te esperança no futuro. Mesmo que um futuro provavelmente difícil, com um número absurdo de desemprego, gravidez indesejadas, falta de saneamento básico e condições mínimas de uma moradia digna.
Lulu, temos de perceber porque vamos perdendo esse belo espírito de crianças… e fazer algo mais para que todas as desfavorecidas tenham, pelo menos, a oportunidade de poderem mudar o rumo da sua história… Beijinho e boas viagens…
Uma dura realidade relatada de forma sensível e poética. No Brasil também existem muitas Kiberas, gente sobrevivendo nas piores condições possíveis. Temos que fazer a nossa parte e isso é urgente. Denunciar e mostrar ao mundo é uma delas, como você fez tão bem aqui.
Nem mais, Fabíola: ‘calar’ é que não! Temos essa obrigação de contar e contribuir, de alguma forma, para que as Kiberas deste Mundo terminem de uma vez por todas…
O que mais me impressiona é que dentro dessa triste realidade ainda há espaço para sorrisos e brincadeiras. Excelente relato, pessoal!
Tem de haver, Maria. A esperança não deve mesmo morrer 🙂 Nem esmorecer…
Olá Rui! Que triste realidade, né? E sua escrita nos passa muito bem a tristeza que presenciou. Parabéns, seus textos são sempre muito cativantes. 😉
Obrigado, Fabio. Infelizmente, há demasiados exemplos de tristes realidades… pelo menos deviam servir para pensarmos o quão ‘confortáveis’ são as nossas vidas: inventaríamos muitos menos problemas no nosso quotidiano 🙂
Impossível conter as lágrimas lendo esse relato. Aqui no Brasil há muitas favelas, especialmente no Rio de Janeiro, e as pessoas da elite tendem a pensar que ali só vivem criminosos. Ninguém escolhe viver à margem do sistema, em extrema pobreza. Para muitos, entrar para o crime não é questão de maucaratismo, é a única forma que encontram de colocar comida na mesa.
É uma questão complicada, mas se não há investimento em saúde, educação e infraestrutura, não há como a vida dessa gente melhorar.
Concordo plenamente contigo, Gisele. Por isso é importante a escolha de quem nos (Des)governa. Precisámos de Homens e Mulheres com carácter. Imunes à corrupção e interesses instalados. TODOS temos a ganhar se a riqueza for melhor distribuída. Se TODOS, sem excepção, tivermos uma oportunidade de futuro. Obrigado pelo comentário. Beijinho e boas viagens…
Duro teu texto… diria que nem o lugar mais pobre que visitei (e jà visitei vàrios) chega pròximo aos locais de teu relato… Eu tbm iria me sentir mal, assim como tua amiga
Julian, viajar é isso: o bom e o não tão bom. Infelizmente, estes lugares existem. E continuarão a existir enquanto todos tivermos os olhos fechados… virarmos a cara ao que nos incomoda. Beijinho e boas jornadas…
Algumas fotos são muito semelhantes as que encontramos nas favelas do Brasil. Pessoas que não escolheram estar ali e não tem como mudar de vida tão rapidamente. Precisa de um investimento pesado pra poder mudar a estrutura, principalmente em saúde, para melhorar a vida dessa galera
Sim, Angela. Investimento, sobretudo, numa oportunidade de futuro… de fugir às Kiberas deste planeta. É uma responsabilidade de TODOS contribuirmos para que este Mundo vá mudando, para melhor…
Rui, de todos os muitos textos que já li aqui, talvez este tenha sido o mais difícil. Apesar de conviver diariamente com as misérias humanas (afinal o Brasil – infelizmente – tem muitas pessoas com necessidades extremas), é sempre dolorido perceber o estado desumano que muitas pessoas ao redor do mundo ainda vivem.
Eu acredito que projetos consistentes de curto, médio e longo prazo, como o de Marta, se fazem necessários para que estas pessoas tenham ferramentas para sair e tirar outras pessoas (multiplicadores) deste estado de miséria. Busco fazer a minha parte todos os dias.
Sua narrativa, como sempre faz toda a diferença na informação dos fatos e histórias.
Obrigado, Analuiza. Do coração 🙂 Foi, também, dos textos que mais ‘prazer’ me deu produzir. Quando viajamos devemos retratar o Mundo como ele é… sem filtros. No meu caso, mais do que inapropriadas e insistentes ‘selfies’, prefiro os retratos dos outros… e das vidas com as quais me vou cruzando. Só assim faz sentido. Que a Marta e o seu projeto – e todas as ajudas similares – possam ajudar a que um dia o Mundo seja (pelo menos) um pouco melhor do que atualmente. Beijinho e um excelente 2019!
Real e verdadeira descrição de Kibera ,uma cidade de 2,5 milhões de habitantes sobre uma lixeira onde convivem ratazanas,crianças, produtos alimentares dos vendedores ambulantes, lixo a arder á porta de cada um .A minha memória mais forte é a do cheiro durante toda a semana.Ao domingo nota-se a diferença.Conheci Kibera em Dezembro de 2017 assim como conheci ao vivo o projeto da Marta , From Kibera With Love. Que foi um choque é uma realidade mas tambem uma grande admiração por aquela menina mulher que com 23 anos chega a Kibera sem apoios ,sem conhecer ninguêm,sem saber uma palavra de swahili e começa a apoiar 16 crianças . Hoje 6 anos passados apoia 76 jovens dos 2 aos 18 anos em todas as suas necessidades básicas. Apoia as familias dos mesmos jovens,cria postos de trb através de uma espécie de micro crédito,etc , etc.Há muitas Kiberas por este mundo ,umas maiores do k outras ,pena é que não haja mais Martas !!Parabens pelo artigo,revi-me de novo nas ruas de Kibera com os seus cheiros ,com suas cores e com os gritos dos angariadores de passageiros para os “matatus”.
Hélder, muito obrigado pelo contributo. De facto, conhecer e experienciar Kibera é bem diferente de apenas a ler. Cinco minutos e, se nos incomodar, mudamos de página ou de canal. Vamos fazer outra coisa qualquer. ESTAR LÁ MUDA TUDO. E, sim, bem melhor seria este Mundo se proliferassem Martas como a nossa. Abraço e boas viagens!
Olha, nem sei que comente sobre este texto, que foi como um murro no estômago. Ver um bebé morto no meio do lixo é muito pesado para controlar as lágrimas.E compreendi as tuas dúvidas morais. Não gosto que estranhos fotografem o meu filho. Então consigo pôr-me nos “sapatos” das mães de África e de todos os lugares carenciados.
Abraço
Ruthia, Kibera são vários murros no estômago… a cada minuto, cada cenário. Enquanto mãe, imagino que ainda os sintas mais profundamente. Felizmente, apesar de todo o caos, degredo e degradação, também há esperança e vários projetos, verdadeiramente altruístas, que a ajudam a carregar. E é nessa esperança que quero acreditar…
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